segunda-feira, 4 de março de 2013

Carta 020

24 de Elesias

Cidade tombada de Myth Drannor. Destino Mestre Castelão do Forte das Armas, Cordilheira da Espada

Caro Mestre Castelão:

Eu estava me acostumando com "Flagelo de Vorbyx"... Mas quando se destrói um dracolich, É fácil ofuscar feitos anteriores.

Certo, eu não combati diretamente o monstro, mas ele deixou exposta a filactéria...

... E certo, eu não destrui eu mesmo a filactéria...


Bem, melhor explanar cronologicamente. Temos grandiosos arquitetos em nossos ancestrais. Logo, sabe-se que as maiores torres são impressionantes por toda a rocha ao seu redor, mas um espigão mestre é o singular responsável por elas alcançarem as nuvens!

... E pensando bem, meu clã não possui laços sanguíneos com os fundadores, logo, tecnicamente não tem arquitetos em meus ancestrais...


Senão, vejamos: Depois da incompetência do ninja falhar em despistar os lobos atrozes - não que esteja reclamando. Eu realmente gosto de esmagar monstros - chegamos a uma floresta... Mais para um bosque, um pouco mais que uma praça. Suas raízes altas dificultavam a visualização, e uma névoa rosada envolvia todo o bagulho.

Decidi mandar Solomon como batedor - bem, não foi exatamente "eu" que tive a iniciativa - para, sei lá, ele ser útil. Estava cansado de carregar o time nas costas.

... Tecnicamente falando.

O ninja seguiu com ele. Sumiram no mato e permaneceram lá alguns minutos. Quando começávamos a planejar um acampamento, Solomon regressa sozinho, e com uma mensagem:

- Faylar avistou algo.

Parecia sério...

- Local, criatura ou objeto? - perguntei.

- Eu não sei.

O prestativo Solomon nos informou, tecnicamente falando, que o ninja não é cego.

Para o bastardo mandar o garoto retornar em silêncio, deve ter avistado alguma criatura. Assim, ordenei que retornasse ao ninja e que se posicionassem cercando o adversário. Nosso grupo iria investir frontalmente, e a criatura estaria desguarnecida contra o ataque sorrateiro dos dois.

Soube posteriormente que Faylar obedeceu "minha ordem". É bom quando o ninja aprende a respeitar seus superiores. A má notícia é que nosso confuso cadete não explanou tudo com detalhes, e nosso grupo avançado não se posicionou.

Dado o tempo, investimos. Chegamos a ver um vulto no lombo de um cão grande de montaria. Foi a última coisa que vi até que a maldita floresta se ergueu inteira e tentou me imobilizar. O vulto e o cão sumiram, e nós precisamos sair da mata viva. Perdemos nosso alvo.

Reagrupamos enfim. Depois de nossa busca, não achamos nem o cão nem nada que pudesse ser chamado de templo. Foi quando "Richa", o/a humano transformista que nos segue lembrou que elfos transformam florestas em templos.

Dois elfos... DOIS ELFOS... e nenhum deles diz nada?!?

Mas sinceridade... Haja baixa renda não colocar uma capelinha sequer para marcar!

Agora ciente do que procurar, achamos um musgo colorido e que brilhava no escuro. Seria o "altar" deles... (Francamente, meu senhor...). Tinha gosto de casca de madeira e terra molhada. Mas tinham propriedades curativas. Não senti nada... Mas devo dizer que evacuei mais fluidamente.

Passamos a noite lá. Deixei os meus subalternos de guarda. Senti falta do Humano aquela noite... Estávamos num lugar esquisito que nos atacou e tinha um adversário oculto nas sombras. Nenhum deles parecia ter meios para rastrear o inimigo. Humano iria para o mato e voltaria com um deles... E um coelho assado.

Com os primeiros raios de sol, Malostroy retornou ao nosso convívio. Ele informou que foi arrumar um guia para nós, e nessa hora surgiu um gnomo montado num mastim armadurado. Era um druida, o mesmo que nos atacou na tarde anterior... Tecnicamente, nós atacamos, e mais tecnicamente ainda, EU, já que Solomon não se posicionou com Faylar.

Seu nome era Aryollo. E ele tinha doninhas assadas. E as entregou sem encher o saco. Ainda assim não fui com a cara dele.

O tampinha não confiava em Malostroy. E o fato do cetro que estávamos levando para o castelo ser o ítem final do ritual indicava que talvez o desgraçado estivesse trabalhando na Ordem, e não contra ela. Pontos relevantes... Que eu levantei quando tínhamos as runas de entrada. Isso indicava que ele era mais esperto que Faylar, o Bárbaro, e Solomon. Certo, que não era um grande feito, mas...

O Bárbaro pensava em como conseguir dinheiro.

Este ponto de Gatts me fez ver a situação da seguinte forma: Se saíssemos com tesouros, eu iria ter direito a meu quinhão. Se saíssemos SEM tesouros ou se não saíssemos, eu veria o coração partido do brutamontes. Creio que valeria a pena morrer por isso.

Enfim, para a grande novidade: O meia-coisa anunciou que se a batata estivesse muito quente, ele iria nos abandonar e salvar a própria pele... E ele falou como se fosse alguma novidade. Solomon faria isso se a batata estivesse MORNA! Faylar já teria corrido, e levado a batata!

O castelo, então.

Os séculos que Malostroy acumulou com sua vida élfica e depois como um morto-vivo além das amarras do tempo não serviram para o desgraçado aprender a desenhar. Mas o que ele pode transcrever deixou claro uma coisa: Estávamos entrando em um forte. No coração do forte, um dracolich. Entre nós e nosso alvo, cem soldados.

Isso era bom! Armadas amplas são despersonalizados. Qualquer disfarce bastaria para passarmos desapercebidos. Se fosse só o dracolich e um soldadinho com um pau na mão, nossas chances de triunfo seriam as mesmas.

Tracei um plano-base: O grupo disfarçar-se-ia de membros habitantes do forte, quando desse, copiaria algum lugar-tenente para poder ter acesso a zonas mais isoladas e rearranjar as defesas liberando as rotas de fuga apontadas por Malostroy. Fiz planos "B" e "C" para as possibilidades que deu para antever pelo parco conhecimento do "lich do bem". Todos reclamaram da demora. Eu, no entanto, bem sei o problema que é não estar esperando o inesperado. O Halfling ia invisível com seu cão, já que era mais difícil disfarçar.

O disfarce funcionou perfeitamente. Ao nos aproximarmos, vimos que reforçando as defesas de cultistas e soldados, um bando de homens-dragões voavam ao nosso redor. Verificaram quem éramos à distância, mas não nos incomodou.

Solicitamos acesso aos guardiões das muralhas e não teve grandes inquéritos. Tudo corria bem.

Mas ao chegarmos nas escadas, um sentinela nos barrou e perguntou o que íamos fazer lá embaixo. Eu tinha antevisto essa possibilidade e tinha forjado um documento e uma desculpa. Mas o rapazote não pareceu engolir. Então, Nyn decidiu falar. Não sei se o fato dele ter a voz de uma garota de 13 anos ou ser cheio de dedos para falar com um soldado turrão, mas isso deu ao miserável certeza de que não éramos quem dizíamos ser.

O sentinela mandou um enviado chamado "Lúcio" para consultar a chefia. Decidimos apostar tudo naquela ficha... Se o "chefe" mandássemos entrar para explicar, teríamos ao menos saído do pátio interno, e não teríamos problemas com reforços inimigos.

Mas antes de tudo mais, o ousado halfling surgiu nas escadas, vestido de cultista, e ordenou que entrássemos. Deduzi que ele aproveitou a confusão que fizemos e adiantou-se para derrotar Lúcio e garantir nosso acesso. Gostei da iniciativa, mas o baixinho estava sendo petulante!

Uma vez lá embaixo, usei o chapéu dos disfarces para me passar por Lúcio. Agora tínhamos um soldado com certa liberdade de locomoção e acesso aos andares inferiores.

No andar interno, alcançamos a passagem que dava na filactéria, presa em uma gaiola de ferro. Lá, dois conjuradores e dois homens-meio-dragão. Não parecia desafio, mas o problema eram as cavernas do norte, onde ficava o miserável Dracolich... Bem como um alarme encheria aquele lugar em dois tempos com 100 soldados.

Plano Básico: O Ninja era versado em arcanismo e podia lançar invisibilidade em si mesmo. Ele se esgueiraria até a filactéria e a atacaria uma vez que movêssemos os inimigos de guarda, conjurando em um local remoto uma distração. Comecei a traçar um "plano B", mas aí os baderneiros riram.

Bem, o que dizer? É chato estar certo.

O ninja andou alguns metros e sua máscara caiu. Todos estranharam a destabanação por um momento... Então, Aryollo fez sua parte... Conjurou criaturas mágicas nos arredores para dispersar o bando...

... Bem, ao menos tentou.

Aquela sala tinha zonas de magia morta exatamente onde os dois se concentraram.. Tudo o que eles fizeram foi frustrado instantaneamente.

E não tinham um "plano B".

Partimos então para a violência descerebrada, nossa única opção.

O salão em que nos encontrávamos era repleto de plataformas e pontes, limitando nosso avanço, mas os dragões voavam sem restrições. Vieram direto em mim - o mais poderoso do grupo, obviamente - e tentaram me fincar no chão com lanças. Nyn foi brilhante e usou de área de silêncio para impedir os arcanos de conjurar ou chamar ajuda... por enquanto. Faylar aproximou-se. Solomon tentou liquidar à distância um dos conjuradores. O bárbaro tomou a dianteira para uma aproximação.

Já com o susto desfeito, Aryollo teve sua chance de lançar suas bestas na zona da filactéria. Eu fiz os dragões debandarem, e os covardes procuraram os alvos mais fracos - Solomon e Nyn. Um dos conjuradores escapou do silêncio e berrou por “Palendralar”, o Dracolich... Nosso tempo estava acabando.

Fiquei para trás, para salvar os companheiros recuados. Deixei que os outros cuidassem da pedra. Nesta, uma bola de fogo explodiu e quando eu vi, um dos conjuradores e as bestas de Aryollo estavam mortos. Faylar e Gattz foram queimados. Mas eram muitos contra um só.

Eu e Solomon segurávamos os dragoezinhos. Um ruido aterrador vinha da caverna norte. Nyn salvava-se a si mesmo da morte pelos golpes que recebeu. Assim, ao derrubar o último mago, Faylar e Gatts destruíram em um clarão de luz a peça essencial ao Lich.

O cadáver de 9 metros de carne putrefata surgiu já se desfazendo. O imortal cuspidor de fogo estava morto. Triunfamos!

Como falei, minha mente e meu desprendimento, bem como minha humildade levou o grupo à vitória. Assim, tecnicamente, eu matei o dragão também!

Opa... ainda tem dragonatos aqui para eliminar. Termino em breve.

Tholen Hammertower, Flagelo de Vorbix, e matador técnico de dracoliches.

Um comentário:

  1. Neste ínterim (entre esta carta e a próxima) o narrador Márcio decidiu guiar uma campanha de furry futurista 3d&t. Eu presenteei com um "Brigada ligeira Estrelar", e mostrei conceitos que eu pretendia usar ... Tudo pna esperança de, bem, não ser um bichinho fofinho.
    Quando vi que isso era impossível, eu entrei "coincidentemente" num Sabático RPGístico. Só passou quando "coincidentemente" voltamos à Campanha do Mar da Lua, e pude continuar com Tholen.

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