segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Carta 018

23 de Elesias

Tumba de Orbakh, cemitério de Myth Dranor. Destino Mestre Castelão do Forte das Armas, Cordilheira da Espada 

Caro Mestre Castelão:
 Entre reis ogros, magos de mantos rosa com oncinha, dragõezinhos contador de moedas, unicórnios, were-ratos vadias, devo dizer que nos últimos meses estive nas mais desconfortáveis situações imaginadas a um nobre e equilibrado nativo do Forte das Armas. Mas esta singular cripta que invadimos conseguiu lançar-se ao topo com considerável folga!



 Consegui a certo custo dissuadir o resto do grupo de entrar na catacumba de Ikeshia - o maluco paranóico. Por mim, iríamos direto à capital. Faelar mencionou que poderíamos ir resolver o problema de alagamento da cidade do Mickey, afinal que seria dois dias de caminhada com perninhas tão curtas?

... Mas o desgraçado só então falou que viera até aqui de águia.

 Dois dias de vôo de águia numa floresta tomada por demônios e criaturas impensáveis... Seria problemático.

A outra opção seria ficar zanzando atrás de uma tumba com o símbolo do sol. Isso seria muito exposto...

 E então, um dos gnomos (não lembro qual dos dois) lembrou-se convenientemente que sabia qual das tumbas era a dita-cuja.

 Então, quando achava que os deuses não poderiam lançar nada mais para ancorar-me nessa missão, surge do mato nosso precavido amigo Solomon... O mesmo culpado por estarmos nesta encrenca e que tinha desistido de tudo.

 Bem, seguimos os gnomos a cripta de Orbakh.

Era um pequeno mausoléu com a entrada fechada. Dizendo a palavra de ativação e expondo a runa do sol, mãos fantasmagóricas verdes, gigantescas, surgiram e abriram as portas para nós. Menos "espetaculoso" que a de Rotilion... Ainda assim, não muito animador.

 Escadas... Armadilhas. Parecia óbvio. Logo, o elfo deveria tomar a dianteira... Mas creio que o retorno de Solomon reduziu a média de coragem do grupo à metade... E o desgraçado ficou se borrando nas calças. E lá foi a babá Tholen pegar as crianças pela mão e descer no buraco escuro.

 Totalmente inapropriado.

 Eu averiguava a escada, com a dificuldade da luz de fundo dos malditos humanóides dependente de luz. Mas chegando no fim da escada, vimos rastros de algum quadrúpede grande. Aquela maldita cripta estava habitada.

 Naquele instante, percebendo que não havia armadilhas da escada e animais zanzavam por alí, conclui que não haviam armadilhas... e dei um passo.

Um único e singelo passo.

 E abriu-se o chão abaixo de mim.

Queda de seis metros em lanças. Seu servo, meu senhor, é duro demais para essas traquitanas. Se pensar bem, foi melhor assim... Se um dos humanos ou - valha-me Moradim - os elfos caíssem nesta armadilha, as chances de sangrar até morrer em seus prantos era enorme.

 Mas com o barulho de minha colisão com o chão, as feras que rastreei foram atraídas. Eu estava ainda no buraco, mas pude ver depois. Eram como grandes cães, com barbatanas de espinhos às costas, e a pele da cara recolhia-se mostrando uma cabeça vermelha sinistra como... Bem, espero que não esteja lendo esta missiva na presença de fêmeas... ou elfos... Mas apelidamos os bichos de "cães-fimose".

O bárbaro não teve medo dos cães. Não cheguei a amassar nenhum, devo deduzir que eram meros mastins nojentos, não ameaça digna de um poderoso combatente como eu. Mas a luta deu ao bruto um pouco da moral que tinha perdido quando chorou como uma garotinha assustada na cripta anterior. Claro, iríamos pagar por tal imprudência no fim, contra a ~Bela Flor~.

Com a armadilha, o corredor na nossa frente era complicado. Acho que vou roubar o mapa que Nyn traça e juntar à carta... Para melhor entendimento. à frente, havia uma porta... E só um podia entrar por vez. O ninja checou por armadilhas e abriu discretamente.

Lembrando: Era um mausoléu sem luz natural. O desgraçado do elfo precisa de luz. Ele realmente tinha a ilusão de que entraria sem ser visto carregando uma tocha?

Dois gorilas enormes aguardavam. Era uma ampla sala do lado de lá, enquanto do nosso lado era uma porta estreita com um alçapão. Ao invés de me darem espaço, só impediu que eu fizesse uso de minhas armas. Era a segunda vez em poucos dias que o ninja fazia isso.

 O Bárbaro tomou a dianteira que deveria ser minha. Isso quase o custou a vida. Caiu num golpe infantil de uma das criaturas... Mas por causa dele achou uma brecha para acertá-la selvagemente. Certo, a brutalidade pura tem suas vantagens... Mas garanto que eu resolveria o problema com maior segurança e elegância.


 Sem ameaças maiores, percebemos que se tratava unicamente de intrínsecos corredores estreitos demais para combates livres. Os macacos, por exemplo, não poderiam andar tranquilamente de tão grandes que eram. Tomei um dos setores da masmorra para investigar. O bárbaro e seu amigo ninja foram para o oposto. Como estava ressabiado da maldita armadilha que me acertou, fui de olho no chão. Nada ocorreu.

 Minha patrulha me levou - se acompanhar no mapa - ao setor noroeste da masmorra. Sem armadilhas, monstros ou portas.

 O ninja e o bárbaro esbarraram em mais cães-fimoses num outro quarto (e agora me pergunto como eles faziam para abrir a porta?). Deviam estar dormindo, pois nem sequer ameaçaram direito Gattz e ele os esquartejou. Esse pensamento destrutivo, no começo de nossas aventuras, impediria aquisições como a de Humano, que salvou a mim e a Faelar ao longo de sua curta vida. Amadores... Hump!

Mapa da bagaceira. Mapa da masmorra. Clique para ampliar.
Mapa. Clique para ampliar.

Entre gorilas e cães, não havia tesouros ou pistas. Queria muito encerrar o diário de jade para ressuscitar o Lyssic. Mas até então, só bestas foram enterradas com o pulha do Orbakh

O casalzinho Faelar e Gatts acabaram encontrando um mago humano. Segundo seu relato, ele ficou todo putinho de raiva quando soube que tinham matado os cães que eram "seus irmãos". Em uma breve luta, os dois mataram o mago... Não que quiséssemos informações nem nada, não é? Como sinto falta de trabalhar com profissionais... Até da Lyna eu tive saudades... Só para ver a situação.

Mas mataram o mago e pilharam seus pertences, pensaria, não? Pois o desgraçado estava Nú! Pelado como veio ao mundo. Nenhum pedaço de pano que pudéssemos utilizar.

Por causa do ocorrido, um grupo veio da região sul. Contamos depois da peleja cinco bugbears... Ao menos eles tinham Armaduras? Ítens? Não! Estavam nus também! Da mesma forma que a tumba de Rotilion parecia mais uma biblioteca, a tumba de Orbakh parecia mais um festival de salsichas. Deu nojo chegar perto daqueles vermes para matá-los. Terei de lavar minha armadura de adamantite assim que deixar esta maldita missão.

Sem armadilhas ou tesouros naquele setor, fomos seguindo caminho...

... E eu cai em outra armadilha.

Parecia mesmo brincadeira. Creio que a falta de atenção seria o gatilho... Sempre que procuro nada acontece. Quando relaxo ou não teria motivos para armadilhas, shablau.

Era mais a vergonha do que a dor ou o dano.

Abrimos mais uma porta da parte central, e lá achamos outro gorila gigante. Mas mal pensávamos como iríamos lidar com o problema, Solomon correu para uma nova porta e abriu-a!

Sim, meu mestre. No meio de uma crise, Solomon foi atrás de novos adversários.

Desta vez saíram três mortos-vivos de temível poder. Solomon foi ligeiramente tocado e teve sua gordura corporal roubada. E o gênio permanecia rente à porta, onde só ele poderia combater as bestas. Eu recuei para o corredor da esquerda. Se ele fosse para o da direita, poderíamos dois atacar por vez as monstruosidade... Mas o brilhante rapaz vem atrás de mim.

 Gattz teve mais sorte com o singular gorila, e partiu para cercar os mortos... Obviamente, eles tiveram a mesma idéia e o b[arbaro teve sua vitalidade tomada por um toque.

 Só depois de muito apanharem eles deram a chance de Nyn vaporizar os mortos-vivos. Ando elogiando a elfinha demais ultimamente... Mas facilita se destacar com o resto do grupo.

 Decidi adiantar-me aos desafios antes que Solomon piore as coisas... E cai em MAIS UMA armadilha.

Como é que tantos seres irracionais vivem nesses malditos túneis? Antes que pense que era uma coisa comigo: O ninja e o bárbaro, cada qual, encontrou uma também. Eu só estava cansado de perder o chão.

 Uma última porta foi aberta, desta vez por mim, para não ocorrer burrices ou colocar nossa melhor arma - eu - em posição comprometida. Muito das estranhezas daquela masmorra foram reveladas então.

Uma gigantesca bolsa de pus e carne com tentáculos flutuava numa água fétida. Alguns tentáculos com olhos, outros com bocarras, e um mago nu (a-ham) acima dela, deitado num tentáculo mais forte... Não qualquer mago, mas o mesmo que Gatts e Faelar esbarraram no começo. Ele acariciava a aberração, beijava os tentáculos e... Relembro: Não ler esta missiva na frente de damas. Algo nojento.

 Engajei diálogo. O mago afetado estava inclinado a conversar. Consegui descobrir que ele não era Orbakh, mas um chamado Farmáz, Farmácia, algo assim. Muito provavelmente era um imbecil mentalmente dominado pela criatura que ele chamava de "Bela Flor". Nyn disse posteriormente que aquela criatura consumia cadáveres (de preferência de produção dela mesma), e tinha a habilidade de regurgitar clones operacionais de suas vítimas. Assim tinham tantos seres na masmorra, e por isso eles estavam pelados. Ela não podia recriar pertences.

 Imagino que informações sobre o corpo de Orbakh, como deter a Ordem do Dragão, tesouros, ou mesmo a memória viva de Myth Drannor - mesmo que seu lado obscuro - poderiam ser conseguido com aquele ser... Mas o Bárbaro, não mais um covarde chorão intimidado pelo cabeça-de-lula, sacou a espada e cuspiu injúrias!

 ...E eu deveria ser o intolerante cabeça-dura do grupo.

 Graças a Gatts, a aberração partiu para as hostilidades, e nós AINDA num corredor complicado de lutar. A maioria dos tentáculos da fera me envolveram - obviamente ela percebeu quem era a maior ameaça, independente do tamanho. Só para ter uma idéia: Gatts foi pego por um único tentáculo normal, enquanto eu forcei-a a usar três, e com bocas.

 Nyn, coitado, foi apanhado também. Mas a luta franca não era sua província. Eu sabia que a besta o eliminaria sem dificuldade se focasse atenção nele... E ao contrário do bárbaro, o elfo não tinha dado motivo para aquele fim inglório.

 Solomon, Faelar e Rick/Ricka atacaram à distância, e ouso dizer com competência. O Mickey, o ratinho que tinha interesse em nossa liberdade, também aproveitaram que ocupávamos a besta para fuzilá-la à distância com magia. Com tanto corpanzil, Gatts estava rendido. Provavelmente chorava por ser um peão nas garras da "Bela Flor"...

 Foi quando eu disse "chega". Rasguei os tentáculos conjurando as forças ancestrais de nossas raízes e retomei minha liberdade à força. Com meus martelos livres, fiz a bestialidade arrepender-se de ter me puxado para perto. Mesmo seus encantamentos traiçoeiros encontraram a alma de um guerreiro do Forte das Armas, e seja lá o que conjurou em mim, deteve-me menos do que se me apontasse a luz de uma lanterna.

 Tholen, o Libertador de Galath, esmagou vegetal. Afundou o massivo corpo da aberração, e com uma última martelada, nosso inimigo estava morto.

 Com minha "jardinagem", o mago Farmabrás preferiu morrer com a planta a lidar conosco. Incineramos para que algo tão horrível e corruptor não permaneça nesta terra. Tirei uns minutos para escrever a presente carta enquanto a fogueira termina de converter a aberração em cinzas... E Nyn me chama para mostrar os tesouros.

Até que enfim!

Tholen da Torre do Martelo, Jardineiro Esmagador & Alvo de Alçapões.

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