21 de Elesias
Ao portador, destino
Mestre Castelão do Forte das Armas, Cordilheira da Espada.
Caro Mestre Castelão.
Eu sempre me considerei
um cara legal. Não entendo então porque, dede o dia em que deixei
nossa cidade, esbarro em indivíduos ou organizações malignas que
buscam ruína e caos dos inocentes.
Para variar, vou
contar-lhe sobre o Culto do Dragão.
Espero que Heavyheart
tenha chegado bem. Ele partiu no dia anterior ao nosso plano de rumar
a Myth Drannor. Na manhã de nossa viagem, contudo, Faylar – aquele
que é elfo e eu não gosto... Como se isso fosse específico o
suficiente – decidiu ir adquirir um falcão de estimação.
Porque? Mais um
mistério para mim. SEIS DIAS e ele decide isso na hora de partir. Eu
adquiri arsenal contra demônios, reformei a aranha da armadura,
investiguei zentarins no vale, e dei uma força à atarefada milícia
local. Mas sobre a nova ave do grupo: se for que nem a águia chamada
“Falcão” que outrora pertenceu a Solomon, e foi tostada numa
bola de fogo, Humano vai gostar da variação do prato.
Mas ele está mais
ligado em Okani... Novamente não sei a grafia. Solomon decidiu
adotar um lobo e chamou de “Okani”. É fêmea...
Pois bem, Solomon
consegue um lobo, Faylar consegue um falcão, e Elminster chama a
gente para uma audiência... As fofocas de sempre... Só atrasos.
Seguimos à torre do
Mago das Sombras. O secretário dele abre a porta quase que
simultâneo às batidas... Que mudança de comportamento! Dá para se
sentir vaidoso nessas horas.
O Sábio de mantos
cor-de-rosa e de oncinha soube que rumávamos para Myth Drannor, e
nos deu uma alternativa: A apenas um dia de viagem havia uma torre
com um portal para as ruínas da cidade dos sonhos, ou dos
unicórnios... O apelido que elfos davam para ela. O problema é que
o Culto do Dragão estava se apossando dela. Logo, ou usávamos a
diplomacia ou esterilizávamos a torre para fazer uso do portal.
Se o Escolhido de
Mystra manda o Flagelo de Vorbyx para um lugar como esse, insinuar
diplomacia foi só por educação.
Nyn foi fazer uma cópia
do mapa. Eu fui vender meu pônei – nada de prejuízo como na
cidade dos Ogros. Os demais, não sei e não ligo. Então, tudo
pronto, rumamos para a Torre do “Mago Ferreiro”.
Ainda cortávamos a
floresta de Cormator. Eu e Humanos fomos caçar alguns elfos negros
para um churrasco, ainda lembrando Freedale e a comitiva de
Tethyamar. Ouvimos cascos de cavalos. A floresta fechada não seria
apropriada para cavalaria, e suspeitávamos que eram centauros, ou
cavalos selvagens. Talvez mais unicórnios? De qualquer forma,
nenhuma das opções me deu motivos para peleja. Deixamos as
criaturas em paz.
No dia seguinte, já
identificado o caminho pelo qual tínhamos de seguir, fomos
emboscados. Um quinteto com vestes iguais, armados de bestas leves e
espadas, exceto um que era aparentemente um druida, mas usava uma
garra de metal. Acho que druidas não podem usar isso... Mas na hora
não me liguei.
Ah, o que importa é
que fomos atacados sem a menor provocação. Pior para eles.
Salvaram-se dois, um deles chamava-se Bichizon. O outro, quem
importa? Apertados, eles confessaram ser do Culto do Dragão, e que
deveriam proteger aquela região.
Os dois eram fanáticos
pancadas. Segundo seu próprio testemunho e as informações de Nyn,
eles adoravam dragões, mas tanto, que os matavam para transformar em
Liches. Eles disseram que seu líder chamava-se Sam Masters, Kem
Masters... Algo assim. Foi o escolhido de Mystra antes de Elminster
(com todo o respeito, deusa... Mas tá com um olho ruim para
talentos) e precisou de um grande grupo de figurões do mundo para
destruí-lo... E ele voltou à vida mais poderoso ainda.
Já tia Gretha, amável
mãe de 14, quebra o pescoço numa queda e continua no descanso dos
Deuses.
Fizemos um plano até
bonito. Já que o mago usava robes folgados, o resto de nós
disfarçados iríamos sendo guiados por ele até a Torre. Ele não
iria, na teoria, querer cair nas armadilhas, e com um movimento meu
eu quebrava o pescoço dele... Parecia uma boa ideia na hora.
Encontramos as ruínas
da Torre. Agora, só pedras no meio do mato e uma passagem
subterrânea, mais especificamente uma escada descendente estreita e
sinuosa. Descíamos de forma cautelosa, até que Faylar reconheceu
uma armadilha em um dos degraus. Padrão para um grupo como o nosso.
O elfo agachou-se para checar o quanto era seguro passar, talvez
desarmar... E levou um chute nos fundilhos que não só o fez ativar
o degrau como rolou dolorosamente até o começo da escada.
Não, não fui eu! Eu
sou profissional, meu senhor. Claro que foi nosso prisioneiro!
Bem, o elfo sobreviveu,
só com o orgulho ferido. O degrau era uma armadilha sonora, um
alarme. Nada perigoso a não ser alertar todos os ocupantes da torre.
E o maldito ainda tentou correr de nós!
Na base da escada,
havia uma passagem oculta por uma cortina, e vozes e passos vieram de
lá. Faylar tratou de subir apoiando-se nas paredes opostas do
corredor e saiu da linha de tiro de bestas com virotes. Eu era o
segundo, mas trazia comigo o mago, que tomou a primeira saraivada em
meu nome.
Antes dos inimigos se
revelarem, Faylar gesticulou para eu não avançar. Ele iria atacar
por cima o inimigo quando passasse. Em silêncio, ei lembrei que,
comparando com os adversários anteriores e declaradamente
inferiores, que o Ninja não faria frente a um homem de armas.
Então, eu o obedeci, e
deixei quebrar a cara. Já falei que não gosto dele, não?
Como previ, surgiu um
combatente com meia-armadura de placas firmes. Ostentava uma espada
longa e uma besta. Obviamente combatente de bom nível... Veio crente
que iria me render, e o elfo mergulhou com suas lâminas no seu
melhor ataque.
Errou.
Ele se segurou o quanto
podia, e eu reassumi a luta direta. Um golpe, em particular, esmagou
o maxilar do inimigo, e os deuses berravam em minha mente:
“Crítico!”... Seja lá o que isso queira dizer.
Um novo combatente
emergiu das cortinas, e dois besteiros detrás deles prontificaram-se
à cobertura... Mas em uma linha reta, só há uma alternativa: Abrir
caminho para Tholen da Torre do Martelo.
Um último oponente,
mais sinistro, surgiu. Era um mago como o outro. Ele libertou uma
serpente de energia negativa que ziguezagueou no ar e me atingiu.
Minou consideravelmente minhas forças. Mas àquela altura, o segundo
atacante havia sido derrubado. Eu sabia que os besteiros iriam tentar
atingir quem cruzasse o pórtico. Só que eu sou um alvo bem mais
difícil do que aparento. Os virotes foram desperdiçados, e eu
alcancei o mago. Obviamente, foi o último instante de vida dele.
Solomon e Faylar juntaram-se a mim para confrontar os besteiros,
igualmente vigorosos homens de armas, mas com a antessala na base da
escada, nossos números se fizeram valer. Ao menos eles não tentaram
implorar vergonhosamente por suas vidas como drows, meio-orcs e
zhentarins fizeram ao longo desse mês-e-meio desde meu desembarque.
Pelo contrário. O
último deles, ferido e desarmado, urrou em minha cara: “Eu não
tenho medo da morte”. Fiz com que ele dissesse isso à própria.
Nos assenhoramos da
masmorra subterrânea. Além do equipamento exposto, os vilões
possuíam medalhões e anéis mágicos – os quais já possuía,
então deixei para os demais. Também livros – melhor para os
magos. Enfim, dois sabres. Eu prefiro esmagar, então deixei com
Faylar. Mas comentaram que aquelas armas eram mais valiosas que a
minha armadura... Mas estou certo que o Ninja vai morrer nessa
missão. Talvez depois de Solomon, mas vai.
Enfim, encontramos o
portal. Era realmente uma “porta”. Nyn observou que havia sal
espalhado na entrada, e dizia que aquilo afastava demônios da
passagem.
Eu ainda não havia me
restabelecido do dreno de energia, então decidimos repor forças por
algumas horas. Minha próxima missiva será feita do outro lado do
portal.
Que Moradin esquente as
fornalhas.
Tholen da Torre do Martelo, O Flagelo de Vorbyx, Aquele que se morrer não volta
mamatado como o SamMaster.
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