segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Carta 013

 
21 de Elesias

Ao portador, destino Mestre Castelão do Forte das Armas, Cordilheira da Espada.

Caro Mestre Castelão.

Eu sempre me considerei um cara legal. Não entendo então porque, dede o dia em que deixei nossa cidade, esbarro em indivíduos ou organizações malignas que buscam ruína e caos dos inocentes.

Para variar, vou contar-lhe sobre o Culto do Dragão.

Espero que Heavyheart tenha chegado bem. Ele partiu no dia anterior ao nosso plano de rumar a Myth Drannor. Na manhã de nossa viagem, contudo, Faylar – aquele que é elfo e eu não gosto... Como se isso fosse específico o suficiente – decidiu ir adquirir um falcão de estimação.

Porque? Mais um mistério para mim. SEIS DIAS e ele decide isso na hora de partir. Eu adquiri arsenal contra demônios, reformei a aranha da armadura, investiguei zentarins no vale, e dei uma força à atarefada milícia local. Mas sobre a nova ave do grupo: se for que nem a águia chamada “Falcão” que outrora pertenceu a Solomon, e foi tostada numa bola de fogo, Humano vai gostar da variação do prato.

Mas ele está mais ligado em Okani... Novamente não sei a grafia. Solomon decidiu adotar um lobo e chamou de “Okani”. É fêmea...

Pois bem, Solomon consegue um lobo, Faylar consegue um falcão, e Elminster chama a gente para uma audiência... As fofocas de sempre... Só atrasos.

Seguimos à torre do Mago das Sombras. O secretário dele abre a porta quase que simultâneo às batidas... Que mudança de comportamento! Dá para se sentir vaidoso nessas horas.

O Sábio de mantos cor-de-rosa e de oncinha soube que rumávamos para Myth Drannor, e nos deu uma alternativa: A apenas um dia de viagem havia uma torre com um portal para as ruínas da cidade dos sonhos, ou dos unicórnios... O apelido que elfos davam para ela. O problema é que o Culto do Dragão estava se apossando dela. Logo, ou usávamos a diplomacia ou esterilizávamos a torre para fazer uso do portal.

Se o Escolhido de Mystra manda o Flagelo de Vorbyx para um lugar como esse, insinuar diplomacia foi só por educação.

Nyn foi fazer uma cópia do mapa. Eu fui vender meu pônei – nada de prejuízo como na cidade dos Ogros. Os demais, não sei e não ligo. Então, tudo pronto, rumamos para a Torre do “Mago Ferreiro”.

Ainda cortávamos a floresta de Cormator. Eu e Humanos fomos caçar alguns elfos negros para um churrasco, ainda lembrando Freedale e a comitiva de Tethyamar. Ouvimos cascos de cavalos. A floresta fechada não seria apropriada para cavalaria, e suspeitávamos que eram centauros, ou cavalos selvagens. Talvez mais unicórnios? De qualquer forma, nenhuma das opções me deu motivos para peleja. Deixamos as criaturas em paz.

No dia seguinte, já identificado o caminho pelo qual tínhamos de seguir, fomos emboscados. Um quinteto com vestes iguais, armados de bestas leves e espadas, exceto um que era aparentemente um druida, mas usava uma garra de metal. Acho que druidas não podem usar isso... Mas na hora não me liguei.

Ah, o que importa é que fomos atacados sem a menor provocação. Pior para eles. Salvaram-se dois, um deles chamava-se Bichizon. O outro, quem importa? Apertados, eles confessaram ser do Culto do Dragão, e que deveriam proteger aquela região.

Os dois eram fanáticos pancadas. Segundo seu próprio testemunho e as informações de Nyn, eles adoravam dragões, mas tanto, que os matavam para transformar em Liches. Eles disseram que seu líder chamava-se Sam Masters, Kem Masters... Algo assim. Foi o escolhido de Mystra antes de Elminster (com todo o respeito, deusa... Mas tá com um olho ruim para talentos) e precisou de um grande grupo de figurões do mundo para destruí-lo... E ele voltou à vida mais poderoso ainda.

Já tia Gretha, amável mãe de 14, quebra o pescoço numa queda e continua no descanso dos Deuses.

Fizemos um plano até bonito. Já que o mago usava robes folgados, o resto de nós disfarçados iríamos sendo guiados por ele até a Torre. Ele não iria, na teoria, querer cair nas armadilhas, e com um movimento meu eu quebrava o pescoço dele... Parecia uma boa ideia na hora.

Encontramos as ruínas da Torre. Agora, só pedras no meio do mato e uma passagem subterrânea, mais especificamente uma escada descendente estreita e sinuosa. Descíamos de forma cautelosa, até que Faylar reconheceu uma armadilha em um dos degraus. Padrão para um grupo como o nosso. O elfo agachou-se para checar o quanto era seguro passar, talvez desarmar... E levou um chute nos fundilhos que não só o fez ativar o degrau como rolou dolorosamente até o começo da escada.

Não, não fui eu! Eu sou profissional, meu senhor. Claro que foi nosso prisioneiro!

Bem, o elfo sobreviveu, só com o orgulho ferido. O degrau era uma armadilha sonora, um alarme. Nada perigoso a não ser alertar todos os ocupantes da torre. E o maldito ainda tentou correr de nós!

Na base da escada, havia uma passagem oculta por uma cortina, e vozes e passos vieram de lá. Faylar tratou de subir apoiando-se nas paredes opostas do corredor e saiu da linha de tiro de bestas com virotes. Eu era o segundo, mas trazia comigo o mago, que tomou a primeira saraivada em meu nome.

Antes dos inimigos se revelarem, Faylar gesticulou para eu não avançar. Ele iria atacar por cima o inimigo quando passasse. Em silêncio, ei lembrei que, comparando com os adversários anteriores e declaradamente inferiores, que o Ninja não faria frente a um homem de armas.

Então, eu o obedeci, e deixei quebrar a cara. Já falei que não gosto dele, não?

Como previ, surgiu um combatente com meia-armadura de placas firmes. Ostentava uma espada longa e uma besta. Obviamente combatente de bom nível... Veio crente que iria me render, e o elfo mergulhou com suas lâminas no seu melhor ataque.

Errou.

Ele se segurou o quanto podia, e eu reassumi a luta direta. Um golpe, em particular, esmagou o maxilar do inimigo, e os deuses berravam em minha mente: “Crítico!”... Seja lá o que isso queira dizer.

Um novo combatente emergiu das cortinas, e dois besteiros detrás deles prontificaram-se à cobertura... Mas em uma linha reta, só há uma alternativa: Abrir caminho para Tholen da Torre do Martelo.

Um último oponente, mais sinistro, surgiu. Era um mago como o outro. Ele libertou uma serpente de energia negativa que ziguezagueou no ar e me atingiu. Minou consideravelmente minhas forças. Mas àquela altura, o segundo atacante havia sido derrubado. Eu sabia que os besteiros iriam tentar atingir quem cruzasse o pórtico. Só que eu sou um alvo bem mais difícil do que aparento. Os virotes foram desperdiçados, e eu alcancei o mago. Obviamente, foi o último instante de vida dele. Solomon e Faylar juntaram-se a mim para confrontar os besteiros, igualmente vigorosos homens de armas, mas com a antessala na base da escada, nossos números se fizeram valer. Ao menos eles não tentaram implorar vergonhosamente por suas vidas como drows, meio-orcs e zhentarins fizeram ao longo desse mês-e-meio desde meu desembarque.

Pelo contrário. O último deles, ferido e desarmado, urrou em minha cara: “Eu não tenho medo da morte”. Fiz com que ele dissesse isso à própria.

Nos assenhoramos da masmorra subterrânea. Além do equipamento exposto, os vilões possuíam medalhões e anéis mágicos – os quais já possuía, então deixei para os demais. Também livros – melhor para os magos. Enfim, dois sabres. Eu prefiro esmagar, então deixei com Faylar. Mas comentaram que aquelas armas eram mais valiosas que a minha armadura... Mas estou certo que o Ninja vai morrer nessa missão. Talvez depois de Solomon, mas vai.

Enfim, encontramos o portal. Era realmente uma “porta”. Nyn observou que havia sal espalhado na entrada, e dizia que aquilo afastava demônios da passagem.

Eu ainda não havia me restabelecido do dreno de energia, então decidimos repor forças por algumas horas. Minha próxima missiva será feita do outro lado do portal.

Que Moradin esquente as fornalhas.

Tholen da Torre do Martelo, O Flagelo de Vorbyx, Aquele que se morrer não volta mamatado como o SamMaster.

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