quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Carta 004

24 de Flamerule de 1372

Courrier do Porto do Mar da Lua, destino Mestre Castelão do Forte das Armas, Costa da Espada.

Caro Mestre Castelão:

Retornei brevemente à cidade. Pude mandar a carta anterior e esta presente.

Conforme relatei, a torre de vigília de Vorbyx possui em seu terceiro piso, a céu aberto, uma fonte agradável à despeito do clima frio de Flamerule neste norte desolado. Os olhos dos meus companheiros e eu pareciam particularmente refinados com as energias daquela fonte natural, o que me faz descrer ser obra de magia sombria. Mesmo dons de bom alinhamento nesse nível jamais aceitariam via agressão ou pagamento servir a um ogro. Teorizo que o vilão tenha se apossado de uma fonte natural para seus propósitos funestos.

Também reparamos posteriormente que sua energia só funciona enquanto estivesse nos arredores da "Torre". Bem, se aquilo fosse um ponto de vigília, não iria ser necessário deixá-lo a não ser ao perceber potenciais inimigos.

Outro efeito foi enxergar o invisível. Numa parede no segundo piso que outrora só víamos rocha, percebemos um mapa da antiga extensão do império selvagem de Vorbyx, e uma nova estrutura a investigar. Eis o motivo do regresso ao Mar da lua. A nova viagem parecia mais distante. Precisaríamos de mais suprimentos e teremos que apelar a montarias.

Nyn lembrou que com o sumiço do paladino e do Halfling, jamais entregamos a eles sua parte do tesouro. Decidimos usá-lo para essa necessidade mais imediata, e acertaríamos com seu retorno.

Fomos procurados por duas pessoas. A ladra "mãos-de-manteiga" Forjia, dando indiretas que poderia querer participações de nossas viagens, e nos informou de um vindouro golpe de estado patrocinado pela família Bruil - pensem nisso se decidirem rumar ao norte - e de um homem de negro e vermelho, eu acho, chamado Solomon.

Esse é o que, nos meios acadêmicos de nossa terra, chamamos de "porta frouxa". Apresentou-se como um aliado da monja Soy - esta sumiu antes do paladino e do meia-coisa - e emendou um agradável papo de que ele é perseguido pelos demônios, e que os contra-caça (imagino usando a si mesmo de isca). Recomendamos, pelo bem das vidas em jogo, que ele deixasse a cidade, já que atraía tamanha devastação. Mas Lyna comentou que se Soy estivesse trabalhando para as mesmas pessoas que nós - não quisemos mencionar os Harpistas na frente do forasteiro - ela poderia estar nos procurando. E seus caminhos se encontrariam.

27 de Flamerule de 1372

Feito os ajustes, partimos embaixo de chuva torrencial na busca do novo templo. Solomon como um bom e frágil humano, quase sucumbiu ao frio, impedindo-nos de sequer não cogitar um retorno à torre de vigília. Aproveitamos e paramos outra vez na Torre, para aguardar o fim da chuva. e testarmos outra vez as águas. Nosso colega filho dos abismos percebeu um outro detalhe sobre o mapa, algo que representava uma fortaleza de vilania. Não era nosso caminho imediato, bastou atualizar o mapa do Nyn.

Ao longo de nossa espera, tivemos um contratempo. Apareceu um grifo faminto que atacou nossos cavalos. Deu algum trabalho tirá-lo de dentro da torre, mas ao menos desta vez o Solomon pino-frouxo nos ajudou. Peço que informe a futuros viajantes sobre o perigo de grifos. Eles aparentemente ficam enlouquecidos por carne de cavalo e, por causa da interferência dos elfos, eu não o matei. Ele pode ter um ninho nas redondezas.

Seguimos pela manhã. Detalhe: Cuidado com o centro da porta de entrada. Preparamos uma garantia que monstros e feras não voltariam a usar o local como covil.

Tinha menos chuva. Solomon mostrou que se recuperou para a parte mais longa da jornada, através das terras planas e em lamaçadas. Encontramos a gruta que nos guiou ao local. Uma fonte curiosa e uma paisagem diversa na parede oposta nos animou. Poderia ser alí a fonte de nosso teleporte. A estrutura ostentava o martelo de Vorbyx.

O local era mais discreto que a porta da Torre, o que o preservou mais limpo e sem feras... Exceto as preparadas. Não vou entrar em detalhes... Só, evite os corredores da direita e da esquerda.

Havia um aviso, com gramática digna de um ogro. Nyn sabidamente interpretou como um aviso para não permanecerem lá, mas eu estava crente que poderíamos estar em um dos ditos portais. Odeio quando os elfos estão certos, mas eles fracassaram em me convencer, então, creio que foi um erro comum a eles também.

Havia uma passagem secreta na parede oposta, dentro do painel. Para ativa-lo, precisamos usar a chave de jade na cabeça vermelha... Mas isso também ativa uma armadilha incandescente. Ardeu um pouco... Mas nada sério. Só desencorajo por causa do que se seguiu.

Era um primeiro salão mortuário, com estátuas de raças diversas. De um lado, monstruosos orc, ogro e beholder. Do outro, um anão, um humano e uma criatura barbuda. Tentei ver correlação pela disposição deles.

No fundo, uma cortina sombria de magia impedia minha visão. Nosso "caçador de demônios" conseguiu a incrível façanha de ser mais covarde que os dois elfos. E novamente, eu entrei primeiro. Tateei até um sarcófago. Abrimos uma vez que estávamos em posição vantajosa.

Uma voz fantasmagórica alegava ser o senhor do local e que mesmo morto seria nosso superior. Seria de se esperar que fosse Vorbyx, mas o esqueleto que se ergueu era de um troll. Hoje, deduzi que era uma armadilha infantil, embora Nyn tenha apontado que a criatura usava um martelo mágico que poderia ter sido confundido com a arma que seria a chave do poder das terras; um bom localizador arcano ou coisa que o valha poderia detectar à distância por magia e ser engabelado. De qualquer forma, Tínhamos um clérigo - ou algo assim - conosco, e o meu fiel companheiro humano - não Solomon, o cão - tinha talentos para roer ossos. Não foi ameaça digna.

A arma não era o Martelo que buscamos, mas era um martelo considerável, e mágico. Troquei meu regular por ele. Haviam outros itens mágicos divididos pelo grupo.

Com a frustração dessa viagem aparentemente perdida, ao menos Nyn reconheceu a paisagem do painel. Mas teríamos que ir ainda mais ao norte... E o inverno só piorará nos próximos dias.

Se pudermos enviarei uma cópia do mapa de Nyn para na possibilidade de minha missão fracassar que meu sucessor seja melhor preparado e mais bem-sucedido. Sagrado seja Moradin, que proteja o forte e as Torres das Armas.

Tholen, da Torre do Martelo, flagelo de Corven e de Vorbyx.

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