quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Carta 007

Tholen o Were-rato

5 de Elesias

Courrier da Árvore Élfica, destino Mestre Castelão do Forte das Armas, Cordilheira da Espada.

Saudações Mestre Castelão de um mais velho Tholen da Torre do Martelo. Perdoe a extensão da carta, mas muito tenho de relatar e desabafar.
Eu sou filho de uma casa rústica, mas honrada, no qual a palavra dada só pode ser quebrada uma vez. Também em meu tempo na caserna de minha família e no serviço obrigatório como soldado das Torres, nosso capitão Bolukten ensinou que devemos nos ater a nossa função e respeitar a vontade daqueles mais capacitados ao comando.

Bem, estes ensinamentos não são válidos a elfos e humanos. Eu sempre soube meu lugar em uma patrulha, sou a muralha frontal, o fiorde da Costa da Espada, eternamente mantendo as ondas afastadas. Mas se eu não assumir a liderança como um capitão, nós desmoronaremos no mar.

Se lembrar de minha carta anterior, suspeitávamos de contaminação pelo mal da Calatangas. Eu sou o mais poderoso no grupo, logo, as chances de algum mal me acometer eram menores que o dos outros três. Mas ainda assim presente. Tive de ser bravo pelo resto. Então, decidimos confrontar Rowan, a suposta viúva. E com "Confrontar" eu dizia afundar os meus martelos em seu crânio mentiroso.

Lyna insistia que precisávamos do dinheiro e da informação - e infelizmente eu dei minha palavra que traríamos Calatangas de volta aos seus herdeiros. E Nyn lembrou que para uma maldição tão terrível quanto a da licantropia iríamos precisar de clérigos divinos poderosos, e que uma terra pequena como a Árvore Élfica não poderia prover. Assim, rumamos ao porto nos arredores de Hillsfar, e de lá, invadiríamos a cidade maldita.

Quando conhecíamos a cidade, esbarramos em um Anão do Ouro. O sulista parecia esfarrapado e sequelado destas terras. Dizia chamar-se Tarlock Stormcloak. "Tharlok" - “tumba dos nobres” o sobrenome humano indicavam que aquela era uma alcunha adotada após a queda de suas terras. Ele era gordo e churriado para um anão, mas perto dos elfos e do Solomon, era uma fortaleza.
Sua conversa era confusa, coitado. E parecia um contratado eventual de Rowan para nos guiar a ela com a encomenda. Nem deveria saber dos funestros tratos que a rameira fazia. Mesmo que ele não seguisse conosco, eu estava determinado a afastá-lo da bruxa.
Fomos ao "prego Enferrujado", a espelunca onde humanos se acotovelam por comida barata, cerveja choca e camas de palha. Num cômodo alugado, confrontamos com a meretriz e alguns de seus homens. Cinco ao todo. Estava confiante que mesmo só com os elfos acabaríamos com aquela pequena unidade, mas os Elfos começaram.
Deixamos claro que a omissão da maldição era algo imperdoável e que estávamos a par do que alguém com aquela arma poderia fazer. A desgraçada tentou nos ludibriar, mas desistiu ao perceber que nosso conhecimento era mais profundo. Só por demorar em admitir eu teria me dado por satisfeito com tratar com aquela gente. Lyna queria o pagamento e a promessa de adentrar Hillsfar. Mas Nyn não queria que permitíssemos entregar arma tão maligna ao grupo dos ratos.
Como falei, eu prometi trazer Calatangas. Tive de ficar do lado de Lyna desta vez.
Rowan admitiu enfim que era uma mulher-rato... Desta vez no sentido literal. Que iria combater a guilda local de ladrões, a mando do corrupto regente. A meu ver, dois mals se roendo até que um quebre. Não me interessava. Continuei ignorando os protestos pacifistas de Nyn.
Mas então, a bruaca admitiu que o clã de ratos dela não era descendente do antigo portador da espada. Nosso contrato era recuperar à viúva uma relíquia de família. Meus laços estavam quebrados. Teria de me colocar ao lado do lamuriento Nyn e contra os ratos, e ter a satisfação de esmagar os crânios de ratos.
A porra do clérigo diz: "ah, mas para que criarmos conflitos?". Moradin sagrado que me aguarde em sua forja, porque os elfos nos conduzirão à perdição.
Honestamente, Por mim estava farto daquilo. Nem mais esmagar os ratos me animava mais. Rowan disse que se colaborássemos na invasão de Hillsfar teríamos o acesso á cidade. Desta vez eu me pus calado. Sem promessas à mentirosa. Eu seguiria calado. Protegeria meu grupo, e teria acesso a Hillsfar e ao possível portal de Vorbix. E só.
Com a chegada do entardecer, partimos para a muralha exterior. E para este trecho da carta, meu bom senhor, sugiro que mantenha a bebida mais forte que dispuser a mão. Pois sentirá uma fração da minha frustração com o conjunto de intelecto e coragem associado, e sua consequência.
Rowan nos guiou a uma fenda na muralha. Discreta e que mesmo eu só a percebi ao me aproximar. Seguíamos por um estreito corredor até um salão mais amplo, que terminava numa grade. Em torno de 16 metros. Da alcova de acesso, a mulher-rato, a mesma que nos mentiu incontáveis vezes, disse: "vão até a grade e abram a porta", e ia esperar por nós na alcova.
Não vou questionar vossa sabedoria perguntando se não sentia que algo estava errado nisso. A anfitriã que conhecia o acesso ficaria para trás enquanto o grupo entraria num salão suspeito. Para mim, era o fim. Deveríamos abandonar a profissional do Sexo que guiava os ratos e dar nosso jeito... Isso se não esmagar os crânios dela, dos seus homens, e seus filhos.
Mas Lyna insistiu. Estávamos perto. Tínhamos o dinheiro. Ou seja: Ela sabia também que era uma armadilha, mas queria continuar na rota destrutiva! Tome um gole, meu senhor. Se acabou com sua bebida antes de ler além deste ponto, recomendo que busque mais.
Chegou ao ponto que eu queria também cair na armadilha, só para mostrar à tapada elfa o quanto valia - ou não valia - nossa contratante. Ou haveria criatura ou guardas da cidade do outro lado da grade à frente, ou teria alçapão ou armadilha de setas no interior da passagem, ou - o mais provável - uma grade baixaria na alcova, nos isolando. Não imaginei que aquela mera armadilha seria ameaça letal ao Poderoso Tholen, ainda mais com o reforço de Stormcloak, e com os elfos para afastar ameaças à distância, aquela armadilha só nos irritaria.
Tomei a dianteira. Espalhei minha corda a Tarlock e postei o escudo á minha frente. E avancei. Claro que, quando o grupo estava dentro da armadilha, a grade da alcova desceu.

E claro, a toupeira do Nyn, o elfo fresco incapaz de dar um soco para se defender, preferiu ficar do lado de fora, com os ratos, do que ao lado do grupo que o protegia! Não só eles nos imobilizaram como agora tinham um refém!

Não estranhe, meu senhor, se a letra começar a ficar difícil de ler nestr... Neste trecho. Eu precisei beber para ter coragem de confessar esta desventura. E infelizmente, piora.

Rowan disse para passarmos as armas que ela iria empurrar Nyn para dentro da grade. Prometeu - como se isso valesse alguma coisa - que devolveria nossas armas assim que tivesse triunfado sobre a Guilda de Ladrões. Obviamente, o segredo do Martelo de Vorbyx era minha maior preocupação, mas ela mostrou-se completamente ignorante a seu uso. Se não fosse o risco deles cortarem a garganta do elfo, jamais faria isso. Não trocaria minha vida pelo martelo, mas não posso negociar com a vida de um companheiro.

Eles amarraram os itens em uma sacola despretensiosa, e partiram, deixando um rato-sentinela de guarda. Nós éramos dois anões vigorosos no local. Destruiríamos a cela mesmo se não tivesse mais três conosco, esmagaríamos o rato e caçaríamos Rowan e seus cafetões para recuperar tudo... Mas novamente os elfos. Essa estirpe desonrada preferiu aceitar a humilhação para não arriscar perder os tesouros.

O sentinela se chamava Hassan. O rato se divertia às nossas custas - Não que vendo tudo isso eu possa culpá-lo. O bastardo fez troça de nossa condição, nossas armas e nossa honra. Independente do desfecho, marquei-o, como marquei Corven, e Johan de Melveault. Eu iria esmagar seu crânio.

Não me recordo como passei a noite. Acordei com algumas queimaduras, e o resto do grupo amontoado no extremo oposto da cela. Seus olhares eram de horror e tortura. Informaram-me que no começo da noite, quando a lua cheia saiu, eu me tornei uma besta hibrida. Eles fizeram de tudo para parar-me e lutaram por suas vidas. Felizmente, não vitimei ninguém sem ter uma arma à mão.

A desgraça pouca é bobagem. Bem, meu senhor, não se preocupe. A mácula foi removida. Descreverei adiante.

Com a luz do sol, Nyn nos informou que Mystra lhe concedeu com o novo alvorecer o talento de moldar rocha. Parecia que agora não havia motivo para sutilezas. Sairíamos, esmagaríamos Hassan, e caçaríamos a bruxa antes dela descobrir da fuga.

Mas os elfos não queriam arriscar. Eu quedei-me catatônico com mais essa. Eles toleraram ao todo uma noite, um dia, e boa parte da segunda noite. Então, Rikka, a criança que caçava Nyn e chegou à cidade no dia anterior, foi buscar informações sobre nosso paradeiro, e esbarrou em Hassan. A talentosa garota nocauteou o rato com um encantamento de sono, nos encontrou, e perguntou "Como conseguimos nos enfiar numa enrascada como aquela"?

Troco todos os elfos de meu grupo por alguém com um oitavo da perspicácia da criança.

Do lado de fora, claro que nossas armas - inclusive o Martelo de Vorbyx - estava nos aguardando. Se, no momento que a prostituta rata tivesse deixado a caverna nós tivéssemos rasgado a rocha e esmagado o licantropo, teríamos um dia inteiro de liberdade.

Naquele momento, decidi tomar as rédeas do grupo. Sem mais idéias imbecis. Sem mais opiniões obviamente destrutivas.

Primeiro, Ia acordar Hassan, o rato, e duelaria sozinho contra o licântropo.

Aquele verme - literalmente, pela concepção da palavra - era ágil, difícil de acertar. Trocamos golpes e sangue. Mas em determinado momento, ficou óbvio que eu triunfaria, então ele tentou fugir. Uma vez rompido o círculo de honra, Lyna o incinerou á distância. Um nome a menos para matar.

Entre ir caçar os demais ratos, que estava a um dia lutando com os Ladrões de Hillsfar na nossa rota preterida, Rikka perguntou por que não usarmos de encantamentos ilusórios para nos passar por humanos e termos acesso ao interior da cidade? A movimentação impedia métodos de detecção mais apurados, e se tomássemos o Portal de Vorbyx, não precisaríamos sequer empreender fuga.

Finalmente um plano com cérebro. Porque os elfos não têm um dezesseis avos da perspicácia da jovem?

Agora, tínhamos a desprezível aparência de humanos normais. Quem decidiria era eu e não os elfos avoados. Nada poderia dar errado, certo?

Claro, que o disfarce era perfeito. Mas os elfos... No momento que perguntaram a Nyn seu nome, ela falou "Nyn groleguligurioly-sei-la-o-quê"diel. O velho que dava os passes perguntou: "Isso é nome de elfo! Você tem parentes elfos?

Ela poderia mentir? Não. Poderia falar a verdade? Seria constrangedor, mas sim. Eu mesmo ajudei dizendo que é um nome comum na terra dela. Mas sua mudes retardada causou a desconfiança do velho da portaria. Só poderia ser pior se alguém chamasse a atenção dos guardas!

E para isso, a feiticeira Lyna estava lá. Ela levantou a voz para o pobre homem, com sua arrogância. Logo, estávamos entre Plumas Vermelhas de Hillsfar. Se eu estivesse ativamente trabalhando para sabotar o grupo, eu não teria sido tão bem sucedido.

Acabou que ela decidiu denunciar Rowan. Avisou que os ratos e a Guilda dos ladrões guerreavam, e guiou para a entrada subterrânea que era nosso "plano B". Não imagino que foi proposital, mas a necessidade de dividir as forças para tratar dos inimigos, e estando ainda em custódia, fez com que fôssemos conduzidos para dentro da cidade, no interior ao templo de Tempus.

Aquela igreja deve ter sido um dos primeiros prédios levantados, e seu patrimônio histórico era de natureza antiga. Serviu para descobrirmos sobre dois novos portais além daquele que eu informei no Thar. Um ficaria em Illash, infelizmente hoje no domínio dos Zentarin. Outro, em Phlan, antigo reino Kobold.

Outra informação: As ruínas que outrora pertenceram a Vorbyx foram mesclados ao sistema de esgoto da cidade. E o provável trecho do Portal estará imediatamente abaixo do castelo do regente ditador de Hillsfar, o "Abrigo do Abutre". Obviamente, o mais guardado, e isso se ele não souber do que tem sob seus pés.

Por fim, conforme prometido, conhecemos o alto sacerdote local. Seu grande poder e os sinos de Tempus expugnaram a mácula dos Ratos de mim. O Filho de Bufir não mais é um louco de lua ou aberração maligna. Que prospere a linhagem da Torre do Martelo.

Com o tempo contra nós e com o subterrâneo em estresse com o conflito das Três forças, Ir ao Ninho do Abutre era impensável. Decidimos por deixar Hillsfar, nos reunirmos em Árvore Élfica com os Harpistas, e tomar uma decisão. Soubemos que os Plumas Vermelhas triunfaram, mas Rowan escapou de ser devidamente punida. Terei de fazer isso quando/se retornar.

Na reunião, fomos atualizados das questões políticas. Ficou claro que derrubar o ditador de Hillsfar seria o melhor para toda a região dos Mar da Lua, mas sem o mal de Hillsfar, o Mal de Zentharin iria se tornar a maior força opressora. Os dois deveriam cair. E os portais de Vorbyx seriam a melhor forma de invadir as fortalezas e massacrar os tiranos.

Uma ousada idéia nos ocorreu. Mas para isso, deveríamos procurar forças bélicas locais interessadas em ver os dois déspotas caírem. Assim, vamos procurar um velho humano do vale das sombras chamado Elmister. Com o Martelo de Vorbyx, poderemos expurgar aqueles que provocaram a queda de Tetyamar. Se eu for bem-sucedido, meu caro mestre, será uma semente plantada para um novo reino anão florescer em um cenário não-hostil. Que a pira da esperança seja ascendida, que os martelos colidam com as bigornas em uma orquestra de guerra. Pois sou Tholen da Torre do Martelo, Flagelo de Vorbyx, e peça-chave na revolução.

Tholen Hammertower, Flagelo de Vorbyx, ex-anão-rato.

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